Exposição com fotos inéditas de Pierre Verger

Exposição com fotos inéditas de Pierre Verger

A partir do dia 16 de março de 2021, uma exposição de 80 fotos do francês Pierre Verger estarão disponíveis no site do Centro Cultural Vale Maranhão. As peças retratam a passagem do artista pelo Maranhão no fim dos anos 40, selecionadas pela curadora e historiadora Paula Porta, em parceria com a Fundação Pierre Verger.

Na exposição virtual ‘Maranhão por Pierre Verger’, o público poderá analisar os registros de Verger (até agora pouco conhecidos) sobre um Maranhão do século XX, com suas tradições religiosas e atividades econômicas, em cotidiano de resistência, ampliando a compreensão sobre a religiosidade, trabalho, arte, filosofia e tantos outros aspectos formadores de nossa cultura, herança do Atlântico Negro. O material é quase todo inédito, já que apenas 20 dessas fotografias chegaram a compor exibições ou foram publicadas em livros anteriormente. “Esta exposição procura ampliar o acesso do público ao acervo de imagens históricas sobre o Maranhão e, mais uma vez, celebrar a força da cultura negra em nosso país, legado de culturas africanas que ainda não conhecemos tanto como deveríamos, mas que Pierre Verger nos ajudou a enxergar, compreender e valorizar”, afirma Paula.

A exposição traz, também, um projeto expográfico assinado pelo diretor e coordenador artístico do CCVM, o arquiteto Gabriel Gutierrez, que utilizou tecidos tingidos com cascas de mangue vermelho, numa alusão às velas das embarcações tradicionais utilizadas por pescadores do Maranhão. A produção dos materiais foi realizada pelo Estaleiro Escola do Maranhão, unidade vocacional do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Iema), que capacita seus alunos para atuarem na produção artesanal de embarcações, com o diferencial de disponibilizar nos cursos um acervo de ferramentas utilizadas durante séculos na carpintaria naval do Estado.

Sobre Pierre Verger

Pierre Verger foi um consagrado fotógrafo, pesquisador, etnólogo, antropólogo e que também atuou como roteirista. Nascido em Paris, na França, iniciou sua carreira quando aprendeu a fotografar aos 30 anos. Sua obra fotográfica, baseada nas mais de 64.000 fotografias cadastradas em seu acervo, foi construída a partir das viagens que ele fez aos cincos continentes entre o ano de 1932 e o final dos anos 1970. Seus primeiros registros foram da viagem feita ao Taiti e sua primeira exposição veio a acontecer dois anos depois, em sua cidade natal.

Durante sua jornada profissional, Pierre Verger despertou grande interesse pela cultura afro-baiana, investigando relações culturais e religiosas entre o Brasil e o continente africano. Tudo começou em 1935, em sua primeira viagem à África, onde passou por países como Mali, Benin, Togo, Níger e Argélia. Em 1940, chegou ao Brasil onde, seis anos depois, fixou residência na Bahia. Ao perceber a forte influência africana no estado e o papel da crença nesta resistência identitária, focou-se em documentar e pesquisar sobre a cultura afro-baiana e suas religiões.

Especificamente no Maranhão, Pierre Verger chegou em 1946, no momento em que começou a se aprofundar em uma pesquisa e escrita sobre a relação África-Brasil, passando a desenvolver artigos relacionados às suas fotos. Nesta época fotografou tambores de crioulo e a festa do Divino Espírito Santo e também realizou registros foto-jornalísticos para O Cruzeiro, revista carioca, sobre a pesca do tubarão e extração do coco-babaçu. Os textos e as fotos de Verger foram publicados em mais de 100 livros, de 1936 até a sua morte, em 1996. Além destes trabalhos como fotógrafo e pesquisador, Verger participou, nos anos 70 e 80, de alguns documentários de temáticas afro-brasileiras como roteirista, entrevistado ou conselheiro científico.

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Malu Lutfi

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