Pedalando pelas ruínas de Ayutthaya, na Tailândia

Pedalando pelas ruínas de Ayutthaya, na Tailândia

Um erro muito comum de quem viaja para a Tailândia é seguir direto para as praias do sul do país. Eu (quase) cometi este erro. É verdade que tinha uma boa justificativa: estava fugindo do inverno de Viena, desesperada por sol. Mas é uma pena não conhecer cidadezinhas tão preciosas do norte do país, como Chiang Mai e Ayutthaya.

Os templos de Ayutthaya são Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1991. Antiga capital do Reino de Sião (atual Tailândia), ela foi uma das mais importantes e populosas cidades da Ásia entre os séculos 15 e 16, e chegou a ter mais de 1 milhão de habitantes. Foi derrotada pelo exército da Birmânia (atual Myanmar) em 1767, o que levou Bangkok, a 80 km dali, a se tornar a nova capital.

Imagem de Buda no Wat Yai Chai Mogngkohn, em Ayutthaya. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Imagem de Buda no Wat Yai Chai Mogngkohn, em Ayutthaya. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Rosto de Buda coberto por folhas douradas. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Rosto de Buda coberto por folhas douradas. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Após grande derrota em 1767, Ayuthhaya ficou em ruínas. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Após a grande derrota em 1767, Ayutthaya ficou em ruínas. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)

No último dia de mochilão eu estava com os meus bahts (moeda tailandesa) contados. Durante a viagem, me diziam que eu tinha que ter conhecido Ayutthaya. Não gosto disso: “você tem que ir pra tal cidade, fazer tal programa, etc.” Mas neste caso, eu realmente precisava passar por Ayutthaya.

Muitas pessoas fazem uma parada em Ayutthaya a caminho de Chiang Mai ou optam por um bate-volta a partir de Bangkok. Escolhi a segunda opção. Partindo de Bangkok, você pode ir de ônibus, trem, minivan ou fechar um tour privado. Eu fui de trem, saindo da estação de Hua Lamphong, a opção mais barata. Gastei 45 bahts, o equivalente a R$ 5, em passagens de ida e volta. O trajeto dura cerca de 1h40. Os assentos não são muito confortáveis. E nada de ar-condicionado. Mas as paisagens da janela distraem a gente pelo caminho. Só fique atento para não perder o ponto. Por sorte, um funcionário do trem que estava no mesmo vagão me avisou quando chegamos.

Na porta da estação de trem, chovem motoristas de tuk tuk vendendo tours pelos templos da cidade. Conheço amigos que fizeram o passeio e gostaram, principalmente por conta do calor forte que pode fazer em Ayutthaya. Pagaram cerca de 800 bahts, 200 bahts cada um – preço muuito bem negociado.

Eu vou compartilhar a minha experiência, que foi de bicicleta. Não sou (nada) atleta e digo que o passeio, apesar do calor, foi bem tranquilo. Vamos lá:

Ciclistas pelas ruínas de Ayutthaya. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Ciclistas pelas ruínas silenciosas de Ayutthaya. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Casinha fofa no centro velho de Ayutthaya. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
No caminho de bike há cenários engraçadinhos como este. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)

Saindo da estação de trem, atravesse a rua e siga pela rua em frente. Logo à esquerda, ao lado das barraquinhas de comida, há um estande de aluguel de bicicletas. Aluguei a minha, para o dia inteiro, por 50 bahts. Junto com a bike recebi um mapa muito bem explicadinho do centro velho da cidade, que é ilhado por rios.

Agora com a bike, siga reto e pegue o barquinho para atravessar o rio. Tem gente que prefere alugar a bicicleta depois da travessia, mas aconselho fazer isso antes por conta do trajeto da volta (leia no final do post). Daí em diante é só acompanhar o mapa.

Há inúmeros templos pela cidade velha. Ou melhor, ruínas. O lado bom é que você não se sente “obrigado” a parar e entrar em todos os templos que passa, senão o passeio fica mais cansativo que prazeroso. Como estava pedalando, não consegui visitar templos muito afastados, mas conheci os principais direitinho.

Os templos de que mais gostei:

Wat Phra Maharat

Foi a minha primeira parada. É aquele templo da famosa imagem da cabeça de Buda escondida entre as raízes de uma árvore. (Entrada: 50 bahts)

Ali no meio das raízes há uma cabeça de Buda. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Ali embaixo, no meio das raízes, há uma cabeça de Buda. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
A imagem fotografada de perto (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
A imagem fotografada de perto (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
O Wat Phra Maharat em ruínas. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
O Wat Phra Maharat em ruínas. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)

Wat Phra Si Sanphet

Construído no final do século 15, esse era o maior templo da cidade. Dizem que antes da Birmânia derrotar Ayutthaya, havia ali uma imagem de Buda de 16 metros de altura, coberta por 250kg de ouro. (Entrada: 50 bahts)

As estupas centrais do Wat Phra Si Sanphet, construídas sobre as cinzas de figuras importantes da época. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
As estupas centrais do Wat Phra Si Sanphet, construídas sobre as cinzas de figuras importantes da época. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)

Wihaan Phra Mongkhon Bophit

Fica ao lado do Wat Phra Si Sanphet e abriga uma das maiores imagens de Buda da Tailândia, de 17 metros de altura. Não coloquei foto para não estragar a surpresa! (Entrada: livre)

Entrada do Wihaan Phra Mongkhon Bophit. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Entrada do Wihaan Phra Mongkhon Bophit. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)

Wat Chai Wattanaram

Vale a pena pedalar um pouco mais para chegar a este templo. Construído em estilo Khmer, lembra bem os templos de Angkor, no Camboja. O caminho de bike é meio esquisito, então vá perguntando se está na direção certa, só pra garantir. Atravesse, com cuidado a ponte caótica e siga à esquerda. Você vai passar por um 7 Eleven. Continue pedalando e logo avistará o templo. (Entrada: 50 bahts)

O Wat Chai Wattanaram lembra os templos de Angkor, no Camboja. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
O Wat Chai Wattanaram lembra os templos de Angkor, no Camboja. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Interior do Wat Chai Wattanaram. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Interior do Wat Chai Wattanaram. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)

Wat Yai Chai Mongkohn

É o templo relativamente mais conservado. Aqui você vai ver uma imagem de 7 metros de Buda deitado, posição em que ele teria alcançado o Nirvana. Tente grudar uma moedinha na sola dos pés de Buda para ter (ainda mais) sorte. (Entrada: 20 bahts)

O Buda reclinado é uma das principais atrações do templo Wat Yai Chai Mongkohn. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
O Buda deitado é uma das principais atrações do templo Wat Yai Chai Mongkohn. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Imagens cobertas por mantos doados por budistas. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Imagens cobertas por mantos doados por fiéis budistas. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)

PASSEIO COM ELEFANTES

No centro de Ayutthaya há um local onde turistas fazem fila para dar uma volta de elefante e assistir a showzinhos, em que os animais fazem poses e palhaçadas para a plateia. Esse é mais um pedido pessoal do que uma dica: não faça parte disso. Não monte nos elefantes, não incentive esse tipo de “atração turística”. Basta ficar ali por 10 minutos para presenciar os funcionários maltratando os animais com um machadinho de madeira e ferro. Muito triste. É um trabalho forçado e os elefantes, com as patas acorrentadas, estão visivelmente infelizes.

Passeios de elefantes vendidos no centro de Ayutthaya. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Passeios de elefantes vendidos no centro de Ayutthaya. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)

MERCADO FLUTUANTE

Depois de conhecer as principais ruínas de Ayutthaya, pedale de volta em direção à estação de trem (onde fica a lojinha do aluguel de bikes), e termine o dia no mercado flutuante. Ele não é tão “original”, pois é bem arrumadinho e não tem tantos barcos, mas vive cheio de turistas e tailandeses também. Há estandes com comidinhas gostosas e artesanatos locais, além de apresentações de teatro e danças típicas. Dica: o lugar parece um labirinto, então procure voltar pelo mesmo caminho que entrou. Ah, e para retornar à estação de trem peça orientação a algum morador – é um caminho por ruelas que não estão no mapa! Não recomendo pegar a avenidona de bicicleta ao escurecer…

Mulheres cozinham no mercado flutuante de Ayutthaya. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Mulheres cozinham no mercado flutuante de Ayutthaya. Comi um Pad Thai bem gostoso aí. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Locais assistem à performance de artistas np mercado flutuante. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)
Visitantes assistem à performance de artistas no mercado flutuante. (Foto: Nathalia Tavolieri / Viagem em Detalhes)

Pra finalizar, se certifique de qual o tipo de trem você pegará na volta para Bangkok. Isso também vale para a ida. Eu quase comprei uma passagem de 345 bahts, em vez dos 15 bahts, e a diferença de horário entre os trens era de menos de 30 minutos (a duração é a mesma). Para matar hora, corri num salão de beleza ali perto da estação e cortei as pontinhas do cabelo por 150 bahts, o equivalente a R$ 20. Mesmo sem falar inglês, a cabeleireira fez exatamente o que eu queria. Voltei para Bangkok com os cabelos cortados e uma sensação de tranquilidade ímpar.

Foi a minha despedida da Tailândia.

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Nathalia Tavolieri

Nathalia Tavolieri

Jornalista vivendo em Bonn, na Alemanha. Adora o friozinho na barriga ao pisar em rodoviárias, aeroportos e estações de trem. Aprendeu a gostar de viajar sozinha, com mochilão, sem muito roteiro. Vai compartilhar suas descobertas, perrengues e surpresas boas em viagens - como esses elefantes fofos da foto!

10 respostas

    1. Oi, Gabi! Vá pra Ayutthaya, sim. Eu também adoro turismo de bike e curti muito! Vou fazer um post sobre os templos do Camboja, que também dá pra conhecer de bike. Se precisar de mais dicas, me escreva! Beijinhos

  1. Nathalia, estou adorando teus posts e lendo tudo com carinho!! Ótimas dicas! Vou para A Tailândia em janeiro e vou aproveitar muito teus posts, hehe! 🙂

    Abracos!!

    mapanamao.com.br

    1. Oi Ester, Ficamos super felizes com a mensagem! Que bom que gostou. Ótima viagem!! Depois conta pra nós como foi.
      Um Beijo Renata e Nathalia

  2. Parabéns pelo blog. Também pretendo conhecer a cidade de bike, mas uma dúvida…como entrar nos templos estando com ela? Tem lugar para guardá-la? Ou alguma corrente para prender?

    Muito obrigado.

    1. Oi, Vitor! Do lado de fora sempre tem lugar para prender a bike. A lojinha que eu aluguei (eu falo dela aqui no post) empresta um cadeado junto com a bicicleta. Fique tranquilo e aproveite MUITO! É um programa muito legal mesmo. E baratinho.
      Bjs

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